quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Quem é esse?

A cada dia que passava era mais nítida a visão que se tinha do rosto Dele. Ela se sentia tão segura quando Ele estava por perto. Era incrível a paciência com que Ele resolvia tudo e ela esperava porque o tempo Dele é perfeito.

Era tão emocionante e tão forte como Ele parava TUDO de mais importante pra simplesmente ouvi-la. E ela falava mesmo, por tempos, sem parar sequer pra respirar, chegava até a ficar com uma bola de ar na garganta se debatendo pra virar palavra.  Ficava um pouco envergonhada no começo, mas ela sabia que Ele a entendia. Mesmo que com gemidos inexprimíveis. Eles conseguiam se comunicar sobrenaturalmente. Ele sabia tudo dela, pois a tinha criado, Ele a entendia mais do que ela mesma e cuidava dela de uma forma também inexplicável.

Então, quando ela parava pra ouvi-Lo era como se nada mais existisse no mundo! A voz Dele é tão... tão... tão... Até pra narradora às vezes falta palavras pra descrever esse tipo de coisa.  Ele tem uma voz tão firme, suave e potente ao mesmo tempo que não existe uma forma em nenhum idioma da terra de descrever precisamente, nem os melhores narradores conseguem.

Mas o que ela sabia não na cabeça, mas no coração, era que essa voz mansa que falava diretamente ao coração dela trazia paz, a acalmava e era a melhor canção que ela poderia ter ouvido e ainda ouvir na vida inteira mesmo que fosse velhinha. Cabeça não entende essas coisas.

Só Ele sabia falar coraçõnês, a linguagem do coração, e era tão fluente que muitas vezes só de Ele olhar pro coração dela já era suficiente. Tudo bem que algumas vezes o coração dela precisasse de um intérprete que fizesse com que a cabeça, cérebro agitado que não parava um minuto sequer se calasse pra deixar o coração ouvir. Apesar de eles andarem juntos, coração e cérebro, eles vivem numa discordância só. Cada um quer uma coisa em tempos distintos.

Mas nessas horas em que o cérebro agitadinho começava a correr como que em maratona e não deixava o coração prestar atenção é que entrava em cena a Amigamãedetodas que, com sua sabedoria e proximidade com o Grande Mestre traduzia tão bem e de uma forma tão simples aquilo que o cérebro não deixava que o coração escutasse. A Amigamãedetodas fazia com que o cérebro se calasse por pelo menos o tempo que fosse necessário ele se calar.

O cérebro respeitava a Amigamãedetodas e reconhecia que o Grande Mestre havia dado uma dose extra de autoridade a essa amiga. Também, pudera, só a Amigamãedetodas é que conseguia mandar que ele se calasse. E ele obedecia! A Amigamãedetodas usava a expressão TURRÃO pra definir o cérebro. Por sua vez, muitas vezes, o cérebro querendo brigar com a circunstância por ter que ficar calado não tinha coragem sequer de mandar que a boca se manifestasse. Como chefe supremo da boca, sabia que se ele mandasse a boca seria obrigada a obedecer sem questionar, afinal, na boca continha a voz que ele poderia usar e que o Grande Mestre já estava tomando conta também. Mas não com a Amigamãedetodas.

A voz da Amigamãedetodas lembrava muito a do Grande Mestre. Talvez pela convivência, talvez por ter que ser portadora de tantos recados, ela não sabia muito bem, sabia que o cérebro respeitava e quem se beneficiava disso era o coração, que feliz e contente da vida podia ouvir a voz do Grande Mestre tranquilamente como ele sempre quis e sonhou.

Era até engraçado ver o coração pulando, cantando e rindo de felicidade, mesmo que todo costurado ainda. Ele dava uns pulinhos meio tímidos, levantava os bracinhos, batia palmas, estava em festa total.

E ela, corpo inteiro que era, via isso tudo acontecer dentro dela como quem vê um filme se passar na tela do cinema e achava engraçado a briga do cérebro com o coração e se alegrava com o coraçãozinho pulante até que o cérebro, percebendo o rosto dela, cedeu a boca por alguns instantes ao coração que logo foi tratando de colocar um sorrisão nela sem perder um minuto sequer.

Amigamãedetodas é assim mesmo, esclarece as coisas deixando sorrisos e quando a gente não entende nada e não houve muito bem a voz do Grande Mestre nos traz o foco de volta pra Ele assim.

108194697, Sheryl Griffin /Vetta

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