segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Olhando fixamente para os pés de unhas carmesim ela se colocava a pensar que não tinha mesmo que usar aquela cor nos pés. Ela estava acostumada a passar sempre esmaltes cor de renda branca e aquela cor fortemente vermelha estava no mínimo estranha segundo ela. Não teve escolha porém, uma vez que uma das unhas estava completamente roxa.

86163804, Verity Jane Smith /Workbook Stock

Analisando cuidadosamente os pés podia ver a marquinha de cada calçado que usara nas últimas semanas. Aquele sapato laranja que gostava tanto e se achava mais moleca em cima dele deu-lhe algumas picadas de inseto por ser muito aberto. Como tinha alergia aos bichinhos picadores o surto se foi e as marquinhas permaneceram branquinhas como se fossem desenhadas de corretivo.

Aquele outro lindo sapato cor de rosa cintilante com um laço dourado, por ser de borracha, lhe dera uma unha bem roxa, a mesma que tentava esconder com esmalte vermelho e que, segundo a Amigairmãmaisvelha era "sangue pisado" já que estava no pé, e se acumula não se sabe bem porque ou então ela não entendera muito bem a explicação da mãe inteligente que tinha.

Podia ver o resultado do uso do tênis que apesar de confortável lhe dera o derretimento de alguns pontinhos de esmaltes. Via também um pouco dos sapatos que trocava constantemente no trabalho e ainda a temperatura que as pantufas lhe deram. Sorria consigo mesma e lembrava que o Grande Mestre vinha com os pés de latão reluzente e pensava como seria possível aquilo, como seria um sapato desse material.

De tanto pensar nos própios pés, na ossatura irregular do pé dela e como ele estava calejado e em alguns pontos até doloridos encaminhou os pensamentos para os pés do pai e de todas as pessoas que conhecia para compará-los. Achando aquilo um tanto quanto engraçado sabia que o pé dela era a réplica do pé do pai e, como toda boa réplica, só um pouquinho menor. Tirou os pensamentos dos pés e o passou rapidamente para cada sapato que já tinha usado, desde quando era menina pequena até o dia que se chama hoje.

Foi nessa pequena viagem ao mundo dos pés e dos sapatos que de repente se pegou sorrindo toda por dentro, pois havia entendido que os pés daqueles que anunciam as boas notícias que o Grande Mestre traz são formosos. Eles andam de um lugar para outro sem parar anunciando o que o GrandeMestre diz e são bem recebidos com essências perfumadas por Ele. Era o Mestre mesmo quem cuidava dos pezinhos formosos e fazia com que eles fossem perfumando cada pedacinho que pisavam.

90206270, altrendo images /Stockbyte

Os sapatos que Ele havia projetado eram feitos com a preparação do evangelho da paz e era o Grande Mestre mesmo quem confeccionava esses sapatos e cuidava de todo o processo para que a caminhada fosse saudável.

Não fora mencionado qualquer tipo de facilidade, mas com Ele guiando tudo ficava mais leve e suave. O Mestre sabia que a caminhada muitas vezes apresentava obstáculos difíceis e na maioria das vezes era longa porque para quem está andando ou correndo constantemente a caminhada ficava mais puxada depois um determinado ponto da estrada.

89446318, Asia Images /AsiaPix

Foi por isso que Ele disse que nunca, jamais abandonaria os que são Dele mesmo que fossem caminhadas de curta distância. E mesmo que os pezinhos começassem a doer o Grande Mestre já tinha levado sobre Ele todas as dores e isso aliviava ainda mais o trajeto.

Rodeando todos aqueles sapatos e pés históricos se pôs a pensar nos caminhos que os pezinhos dela vinham traçando ultimamente. De alguns deles se orgulhava profundamente. De outros, apesar de não ser exatamente o que queria e esperava não sentia vergonha de ter colocado seus pés ali. E só de não ter vergonha de um feito, ou de um caminho, já era por si só um sucesso.

Lembrou do dia em que o Grande Mestre mesmo em pessoa a tomou pela mão, colocou um anel no dedo dela, deu um banquete porque ela tinha voltado e colocou sandálias bem novas e reluzentes nos pés dela para que ela usasse em todo caminho que pisasse e para que ela se lembrasse de manter os pés sempre limpos mesmo que fosse obrigada a passar em caminhos sujos e ficou feliz por Ele mantê-la limpinha.

Afastando aqueles pensamentos ela agradeceu ao Grande Mestre Sapateiro os sapatos novos com um forte abraço e beijou-O longamente. Se levantou dali e foi mais do que depressa limpar os pés e cuidar deles, pois os sapatos que o Grande Mestre tinha feito pra ela não era visíveis de primeira, somente depois de um tempo de observação e ela queria que as pessoas vissem seus sapatinhos novos em cada detalhe que o Grande Mestre, com perfeição, tinha colocado.

91277231, Tammy Bryngelson /iStock Exclusive

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