terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

E Ele fez um jardim fechado...

Era manhã de um dia de trabalho qualquer e ela abriu os olhos e piscou cerca de uma dúzia de vezes tentando achar foco no teto do quarto, mesmo sabendo que era branco e não tinha nada o que ver ali. Rolou de um lado pro outro na cama até finalmente se levantar. Apesar de ainda estar sonolenta estava muito feliz, pois podia olhar pra dentro dela e ver que o Grande Mestre havia começado a construir um jardim bem peculiar no interior dela.

Nesse jardim havia muitas flores, que ela amava, mas que ainda não podia ver como eram, pois eram somente brotinhos. Ela podia ver que já haviam sido plantadas muitos tipos diferentes e estava empolgada, ansiosa pra ver logo as cores dessas flores, o cheiro delas, a forma de cada uma. Ela queria ver o resultado final desse jardim que estava em reforma.

Sabia que as flores teriam, cada uma, sua beleza peculiar, cheiro perfeito e tudo o mais de bom que as flores têm, mas ela sabia também que quem olhasse poderia ver mais de uma coisa, que era a beleza individual de cada parte, mas que se se afastasse um pouco mais veria um enorme mosaico com a assinatura PERFEIÇÃO no cantinho, pois o Grande Mestre assina toda boa obra e todo dom perfeito.

Passeou um pouco mais pelo jardim e viu alguns sacos de lixo cheios, já juntos, prontinhos pra serem jogados fora depois da limpeza de ontem à tarde. Ao mesmo tempo que ficou pensativa naquela faxina toda, na forma que foi feita, em como ela mesma tinha ajudado o Grande Mestre a fazer. Ou melhor, foi Ele quem fez tudo, mas de alguma forma o Grande Mestre queria que ela se sentisse parte integrante do processo e deixou que ela fechasse os sacos depois que Ele, sentado no chão do jardim do coração dela, arrancasse pacientemente algumas raízes de CompaniusErradus, algumas de CegueirusEspirituosis e algumas outras de InsensibilidadesAuditivasDivinus.

Ela parecia criança impaciente correndo de um lado pro outro enquanto deixava a terrinha do coração dela ser trabalhada pra ser terra boa, onde as sementes que ainda seriam plantadas florescessem com vida, afinal de contas, onde o Grande Mestre tocava tinha que ter vida, e vida em abundância.

Correndo pelo jardim, que ainda tinha muito trabalho a ser feito, e olhando um pouco mais, do outro lado, pôde ver uma fontezinha tão linda, tão limpa e clara, que deu até sede na hora. Ficou admirada demais com a beleza da fonte que ainda estava também, claramente, em fase de construção e logo pensou: UAU!! Se em fase de construção está assim, imagina quando ficar pronta? - Estava ainda no final daquela frase quando sentiu um leve toque no ombro. Era o Grande Mestre que tinha se levantado e olhava pra ela. Como era lindo o Grande Mestre aos olhinhos dela!

E dando um pequeno passo em direção àquela fontezinha Ele pegou uma pequena quantidade daquela água nas mãozonas Dele e chegou bem perto dos olhinhos de interrogação dela e simplesmente sorriu. Ela retribuiu o sorriso sincero e esclarecedor Dele transformando-o numa alta e sonora gargalhada. Foi quando parou para respirar e finalmente entendeu que essa fonte que o Grande Mestre havia começado a edificar cavando fundo para achar um veio d'água, moldando cada pedacinho era na verdade um comprovante.

Esse comprovante o Grande Mestre dava a todas as pessoas que criam Nele. Era como uma marca que Ele era não só real, mas fiel e protetor. Ela pegou um pouquinho daquela água e com todo cuidado para não derramar bebeu um golinho pequeno, mas suficiente para não só ver, mas para entender que do interior dela já começava a sair um pequenino rio de àguas vivas. Olhou para o Grande Mestre que a observava com amor, lançou-lhe um sorriso agradecido e emocionado e voltaram a brincar pelo jardim, a terminar o trabalho que haviam começado para que aquela terra de coração em tratamento se tornasse definitivamente boa.

103915393, Peter Zander /Lifesize

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