sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

91113008, Ryan McVay /Stone

Ela olhava para cima admiradíssima com a beleza de Sua Majestade. Podia ver os céus se alegrando e a terra se regozijando e se dizendo entre as nações que o Senhor reina! Parou com a dificuldade peculiar que tem de ficar quieta só pra ficar olhando. E ficou mesmo olhando por muito e muito tempo e não conseguia falar nada além de MUITO OBRIGADA repetidamente até o som das palavras se embolarem pela boca adentro e pararem no coração. Ela estava realmente agradecida por tudo o que o Grande Mestre tinha feito. E se sentia quase que nas nuvens nas grandes, confortáveis e poderosas mãos d'Ele.

Como seria possível força desse tamanho? O Grande Mestre era tão forte e poderoso que tinha ouvido o clamor silencioso do fundo da alma dela. E isso a encantava!! Como Ele podia fazer isso daquele jeito? Sem que ela falasse muita coisa Ele a entendeu!! E a atendeu!! E ela olhava tudo aquilo se desenrolar diante dos seus olhos e não conseguia ainda proferir palavra alguma. Não conseguia sequer pensar. Ainda estava estupefata e maravilhada.

Apesar de não ter visto ainda a Amigairmãmaisvelha sabia que tinha voltado. Foi muito fácil identificar aquela vozinha familiar que não ouvia há tempos do outro lado do telefone que as separava. A Amigairmãmaisvelha já falava como antes. Aquela voz tão linda tinha voltado pro lugar de onde nunca deveria ter saído. Agora, porém falava com voz verdadeira, sem ser só eco, tinha coração na voz de novo, não estava vazia mais. As articulações foram voltando pro lugar certo, o juízo acenou e logo pediu licença pra entrar sendo muito bem recebido pelo bom senso que já tinha tomado o seu lugar.

O Grande Mestre tinha respirado profundamente e soprou nas narinas da Amigairmãmaisvelha um fôlego novo, capturando-a lá dos pensamentos longínquos e trazendo-a de volta à vida, sã e salva como ela havia desejado. É certo que ela ainda não tinha encontrado o abraço da Amigairmãmaisvelha, mas sabia agora que podia fazê-lo quando quisesse, pois não havia mais o engessamento característico das múmias envolvendo a Amigairmãmaisvelha que ela tanto amava.

Quando o Grande Mestre resgatou a Amigairmãmaisvelha Ele tirou toda a parafernalha que estava impedindo os movimentos das mãos, das pernas, dos pés e que fazia com que tivesse ficado tanto tempo parada e não pudesse andar, pular que nem bolinha de borracha, e até levantar os braços pra abraçar a gente. Ele simplesmente fez com que tudo isso sumisse e agora a Amigairmãmaisvelha podia fazer todas aquelas coisas de novo e ainda melhor!!

Era esse o motivo de ela ficar parada tanto e tanto tempo para ver a beleza da Sua Majestade. Não era somente beleza pura e simplesmente. Era cuidado, era carinho, era amor na mais pura forma que podia existir, como só o Grande Mestre sabia fazer. Parece que ela podia ver o Mestre tecer aquilo tudo com todo cuidado e delicadeza de um artesão. O que era impossível pra qualquer um, Ele simplesmente colocou a mão pra tudo se desfazer como quando se aspira o pó da casa e o pozinho desaparece. Foi fantástico isso!! O Grande Mestre era mesmo um sucesso absoluto, soberano!!!

E assim, mais um grande feito que ela acreditava ser possível somente em estórias de príncipes, princesas e batalhas épicas, graças ao Grande Mestre se concretizou e ela pôde ver isso com seus olhinhos cheios de fé. Afinal de contas, quem é que vai discordar que a bela dormecida Amiguinhairmãmaisvelha acabou de acordar e super disposta?

Então, mais maravilhada e grata do que tudo só podia pensar uma frase: MUITO OBRIGADA PAIZINHO!! MEU GRANDE E SOBERANO MESTRE!!

91112993, Ryan McVay /Stone

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Estava de tal forma radiante que não cabia em si. Apesar de todo o cansaço do mundo estar sobre suas costas tinha muitos foguetes dentro dela, e quando tem foguete dentro da gente é impossível controlar.

Depois de andar muuuuuuuito e muito tempo em boa compania se sentiu finalmente cansada e com vontade de se sentar pra sempre. As pernas já não obedeciam, os calcanhares a incomodavam e os pés, esses coitados, já estavam muito inchados.

Ela gostava da companhia das amigas, não importa o que fossem fazer. O quarteto eclético que formavam era no mínimo curioso de se observar. E a fazia muito bem. Se sentia muito em casa com aquelas garotas, cada uma do seu jeito compunha uma parte da família que escolhera. E eram felizes assim, ao modo delas: se encontrando às vezes, cantando muito, dançando muito, dando muitas e muitas risadas sem fim e, principalmente, adorando a um Deus que se deu por elas.

Ultimamente, porém sentia falta da quarta integrante do grupo. A irmã mais velha da turma se tornou ocupada e passou a ser o que O Pequeno Príncipe chamaria de "um homem de negócios", aquele mesmo que ocupava o quarto planeta. Só que ao invés de contar estrelas sem fim ela contava notas musicais e dizia que todas eram dela. E não parava de contar as notas nunca até cansar, mas nunca se cansava de contá-las também.

Com isso quem se cansou de esperar que se contasse tantas notas foram as amigas, que muitas vezes não sabiam contar notas também para acompanhá-la. Mesmo que as vezes elas tenham conseguido capturar algumas cifras e guardarem nos corações umas das outras não significava que todas soubessem o nome de cada uma das notinhas.

E foi assim que, voltando pra casa depois do encontro de um quarteto incompleto, que virou trio, numa tarde muito ensolarada se pôs a pensar por onde andava aquela amiga que era tão irmã o tempo inteiro... Sem perceber como e porquê os pensamentos e a saudade incessante a levaram até o ano passado, lá atrás quando era apenas girino de amizade ainda, quando de repente se sentia sendo levada pela mão e num olhar bem silencioso podia se ler: CANTA! CANTA E DECLARA QUE VOCÊ É LIVRE!!

Ficava tão, mas tão constrangida que cantava, cantava muito a plenos pulmões até que aquela música se tornasse parte dela de verdade. E não sabia se era ela quem estava na música ou se era a música que estava nela, nem entendia o que acontecia de fato, mas cantava. Simplesmente cantava.

A Amigairmãmaisvelha, sem nada falar a respeito colocava os olhares, ou melhor, todos os olhares em cima dela e ficava observando a lenta e gradativa mutação cuidando para que ficasse tudo bem e aconchegante para que, ela, difícil que era, não se sentisse desconfortável com qualquer coisa que fosse.

Ela admirava muito a doçura, destreza e o carinho que a amiga possuía naturalmente e o que mais queria era tirar do pensamento a Amigairmãmaisvelha que conheceu outrora e abraçá-la novamente. Nem que fosse para cantar ao menos uma única música juntas e depois se despedirem outra vez. Pelo menos ela saberia que aquela seria a última...

De repente a campainha do trem a resgatou de seus pensamentos profundos e ela resolveu desembarcar daqueles pensamentos longínquos de tempos atrás e desejar de todo o coração que aquela mulher de negócios que tomou o lugar da Amigairmãmaisvelha fosse embora de uma vez por todas e devolvesse sua Amigairmãmaisvelha também de uma vez por todas, sã e salva!!!

stk320049rkn, George Doyle /Stockbyte

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

 
Se sentia muito estranha... Sabia que havia algo de incomum acontecendo, mas não sabia explicar o que seria sinceramente. Sentiu certa alegria de estar naquele lugar e deixou que a música entrasse pelos seus poros e a levasse pra longe dali.

Queria pegar o microfone e sair cantando, cantar bem alto, mas não estava em casa. Resolveu então que microfone seria um detalhe, pois poderiam ouvi-la lá da rua mesmo com todo isolamento acústico moderno que o lugar possuía. E assim fez! Fechou os olhos e se deixou ser carregada pela música.

Quando abriu os olhos não podia acreditar na aglomeração que havia se formado do lado direito de onde estava parada. Sentia saudades da amiga que sabia cantar, e aliás, fazia isso muito bem. Sentiu vergonha, pois se ela estivesse ali saberia exatamente o que fazer. Mesmo com todos os olhares em cima dela.

Recolheu o fio do fone de ouvido que estava apoiado no banco delicadamente e foi direto para o lugar em que tinha largado a bolsa e pôs-se a prestar atenção na preletora, que era simpática como um cãozinho de estimação.

Logo depois encontrou-se com a avó da afilhada dela, que a esperava com um belo sorriso de manhã de domingo ensolarado. Abraçou-a e, após looooooooonga conversa estava mais leve, mais alegre e mais livre!

Tudo o que queria ao sair dali era agredecer ao Deus que a criou e dizer o quanto o Espírito Santo era importante para ela. E mesmo sem saber se conseguiu tal feito tentou de todo coração!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

E no auge do cansaço, ali mesmo, na cama, sem luz ela largou seu corpo na escuridão. Seu desejo era adormecer imediatamente, mas não conseguia. Não podia. Apesar de cansada sua cabeça não parava nunca de trabalhar, apesar de seu corpo só querer se desligar, sonhar a cabeça não deixava...

De repente foi assaltada pelo pensamento que a levou naquela noite em que suavemente beijava o rosto do ano velhinho despedindo-se dele e o cobrindo no leito de morte. E segundos depois se viu agachando no chão para receber o bebê 2011, que corria em direção aos seus braços com toda alegria e glamour que os anos novos trazem. Lembrou-se que embalou aquele bebê nos braços como se o fosse ter para o resto da vida. Sorriu para ele e viu em seus olhos a oportunidade de dar-lhe uma vida muito melhor do que deu àquele velho que acabara de beijar e cuidadosamente enterrar.

Viu nos olhos daquele bebê 2011 a esperança acumulada, prontinha para ser usada e abusada. Sentiu que podia se aproveitar dela, fazer, finalmente, algo de bom com ela.

Ao mesmo tempo sentiu-se feliz por carregar nos braços um bebê que pudesse escolher como seria formado dali em diante. Escolheu qual seria definitivamente a cor dos seus olhos e o que ele saberia a partir de agora. As vivências que aquele pequeno bebê teria dali pra frente seriam de sua inteira responsabilidade. Sentiu esse peso em suas costas e novamente sorriu para o bebê, pois já o amava!

E resolveu colocar nele o nome de FELIZ 2011!