quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Uma festa de gratidão

Quando acordou serelepe para falar com o Grande Mestre naquela manhã de sol sorridente não podia imaginar o que a aguardava logo mais à tarde. Se levantou da cama como que por um pulo, visitou o banheiro e logo logo se pôs de joelhos aos pés do Autor e Consumador da história. Conversaram ali por um bom tempo e, como era dia folgado, voltou pra cama ainda com a própria voz ressonando na cabeça.

Algumas horinhas depois começou a ouvir ao longe uma musiquinha bem conhecida: Pai, Pai, meu Pai!! Pai, Pai, meu Paai...
Era o despertador nosso de cada dia que a chamava para finalmente começar a se mexer acordada ao invés de dormindo. Levantando-se sem demora ela pegou o despertador e colocou pra cantar debaixo do travesseiro dela. Nas vezes posteriores que ele começou a cantar, porém, não conseguiu levantar e pensou que colocá-lo ali, embaixo do travesseiro foi a melhor coisa que poderia ter feito. De alguma forma, a voz da Amigamãedetodas que cantava dentro do telefone-despertador a estava embalando ao invés de fazer com que se levantasse de vez.

Dormiu e acordou algumas vezes antes de levantar e quando finalmente o fez, antes mesmo de escovar os dentes fez a Amigamãedetodas chegar mais perto dela para lhe contar como tinha sido o encontro divertido com a velhaprima no shopping. Ela achou graça quando a velhaprima perguntou de onde vinha, qual era aquela vida que estava agora dentro dela. Com a empolgação que lhe é peculiar tentou mostrar à prima pelo menos um pedacinho do jardim que o Grande Mestre tinha começado. No final das contas foi em vão, não conseguiu mostrar nem uma graminha sequer, pois a prima estava muito dispersa com as coisas desse nosso mundo. Mesmo assim ficou feliz por ter podido mostrar pelo menos que uma vida dentro dela havia mudado.

Contou todas essas coisas à Amigamãedetodas, que lhe deu notícia de que a Amigairmãmaisvelha já havia também entrado em contato. Que sucesso de comunicação!! - pensou. Como sabia que teria fome em breve convidou a Amigamãedetodas pra comer comida japonesa, e a Amigamãedetodas, que tinha recém-descobrido a arte culinária do Japão aceitou de pronto, sem nem pensar.

Terminada aquela agradável conversa de bom dia sentou-se e ficou observando maravilhada em suas mãos todas aquelas pérolas que o Grande Mestre tinha confiado a ela. Trazendo tudo aquilo do mundo virtual para o material, para que a Amigamãedetodas tivesse acesso à beleza do aspecto completo daquelas pérolas ela se sentiu, de certa forma, como aquele homem que ao descobrir um tesouro escondido no campo esconde que descobriu algo de valor de todo mundo e depois, movido pela alegria ia, vendia tudo, tudo, tudo o que ele tinha e comprava aquele campo.

Ela gostava daquelas pérolas pois era através delas que, muitas vezes, o Grande Mestre contava pra ela o que Ele queria, o que Ele estava fazendo ou simplesmente que Ele a amava. E isso era uma das melhores coisas que poderia existir na face da terra.

200569632-001, AAGAMIA /Iconica

Levantou-se dali apressadamente quando a foto da Amigairmãmaisvelha chamou pra irem almoçar, pois já estava ficando tarde, se arrumou e saiu à galope debaixo do sol escaldante de verão.

Chegando no local oriental combinado o coração dela se encheu de alegria quando viu a Amigairmãsensata, que já estava há um bom tempo sem ver. A Amigairmãsensata era uma festa, doce e delicada e como uma flor exalava o bom perfume do Messias.

Faminta que estavam subiram depressa a escadaria e a Amigairmãmaisvelha, esperta e providencial que era como todos os irmãos mais velhos, tratou logo de pedir as pelotinhas de peixe que tanto gostavam. Assim que conseguiu se abstrair dos percalsos do caminho, ali sentada com a família que pôde escolher com a ajuda do Grande Mestre e, consequentemente com a bênção Dele, pensou ter descoberto a fórmula da felicidade. Em meio a risadas das quatro sabia que era bom por demais estar na compania das meninas! Todas essas coisas, porém, eram apenas uma preparação para a reunião que estava por vir.

Elas não sabiam ainda, mas o Grande Mestre estava preparando para elas uma festa que nunca poderiam imaginar quando estavam ali sentadas e não só as conversas, mas as risadas e até mesmo o que comeram era somente um preparo. No caminho, quando se separaram e resolveram formar duplas pôde-se ver a mão do Mestre até mesmo em outros idiomas e estavam felizes com o direcionamento e condução que Ele dava a elas.

Ao entrarem no salão viram algumas carinhas mais conhecidas e se forçaram pra prestar mais atenção à festa e ao movimento todo. Perceberam que as roupas delas eram de louvor como o Grande Mestre gostava. Ele mesmo deu a todos que estavam naquele salão festivo.

A festa que o Grande Mestre preparou no dia que se chama hoje era um tanto quanto diferente. Era dividida em partes. Na chegada elas estavam no salão principal, era a primeira parte do banquete, então se sentaram ainda juntas e comeram do melhor dessa terra. As palavras do Grande Mestre eram suaves e de encorajamento e com a força dessa comida puderam se satisfazer por muito tempo.

Já para a segunda parte da festa, a parte das sobremesas que ela mais gostava, foram chamados apenas alguns convidados para um lugar mais íntimo chamado "Recôndito do Tabernáculo". Ela achou o nome engraçado e de certa forma complicado, mas o lugar era muito aconchegante. Até por demais. Era visível que o Grande Mestre tinha arrumado pessoalmente aquele lugar para recebê-las colocando cada almofada e afofando o tapete para que elas pudessem pisar.

Experiente que era naquele tipo de banquete de sobremesas que o Grande Mestre organizava periodicamente na casa que se chamava de oração da Amigamãedetodas, a Amigairmãmaisvelha olhou pra ela e ordenou que fosse ao banheiro. Como estava mesmo com vontade obedeceu de bom grado.

Ao retornar viu que a população que estava no "Recôndito do Tabernáculo" era bem reduzida em comparação à multidão que estava no salão principal. Algumas daquelas pessoas ela ainda nem conhecia, mas como eram convidadas do Mestre ela não ligou e sorriu para todos. Pararam em círculo de mãos dadas e parece que o Grande Mestre mesmo tinha colocado cada pessoa no lugar que estava e ali, de mãos dadas, começaram a celebração de alegria daquela festa gostosa.

No momento em que começaram a cantar e a celebrar os grandes, magníficos e perfeitos trabalhos do Grande Mestre, Ele mesmo veio, deu a mão para cada uma naquela círculo e colocou em cada palma que estava ali uma brasa viva da presença e glória Dele. Aquilo, um simples gesto do Mestre foi profundamente marcante e significativo pra cada uma das participantes presentes e foi um irromper geral de choro.

Como se não bastasse essas brasas vivas de presente, parecia que aquela fontezinha recém-descoberta dentro dela começava a tomar corpo, forma, a ter mais volume e força, e mesmo com toda vergonha que acumulava em fazer qualquer coisa em público, procurou apoio fixamente nos olhos da Amigamãedetodas, que estrategicamente posicionada em frente a ela a encorajava com o olhar em resposta ao apoio que ela procurava, e começou a falar que o Grande Mestre queria ouvir uma música e que ela ia cantar, que gostaria de olhos gerais fechados.

Nesse instante o apoio no olhar da Amigamãedetodas não era mais somente moral, se materializou na mãos que logo vieram e tocaram o pescoço e a garganta dela abençoando e pedindo ao Amoroso Mestre que recebesse o que quer que saísse dali. Ela olhava fixamente para a Amigamãedetodas assustada com as coisas que via tanto dentro quanto fora dela e assim que as mãos de mãe da Amigamãedetodas se abaixaram e os pés lentamente se afastaram ela mesma colocou as mãozinhas entre o pescoço e a boca procurando algum apoio que a pudesse sustentar de pé. A glória do Grande Mestre era tanta naquele lugar que já começava a quase perder o equilíbrio.

Puxou o ar com força e simplesmente abriu a boca deixando deslizar uma antiga canção de gratidão que havia aprendido quando era ainda menina e à medida que ia cantando sentia como que se as mãos do Grande Mestre tivessem se posicionado na barriga e nas costas dela e impulsionasse o som mais pra fora porque ia ficando mais alto e voz tomou uma proporção que ela ainda não tinha conhecido. Era como se fosse uma nova voz que saía da mesma garganta.

105660252, Lundgren, Emilia, Anna /Johner Images

Nessa hora o coração emudeceu e pediu que os olhos falassem por ele. Os olhos, solícitos ao coração, por sua vez choraram o quanto puderam. E quando acabou a cançãozinha foi como se não tivesse ninguém naquele "Recôndito do Tabernáculo", parecia que o Grande Mestre estava sozinho ali com ela. e tudo o que ela queria era ficar com Ele. Para alívio das pernas dela e da garganta que já pensava em prender aos poucos a voz no embargamento, a Amigairmãmaisvelha, que sabia ler muito bem irmã mais nova, deixou que a voz que tinha no coração se unisse à voz dela como que se dando as mãos e apoiando a canção para que não caísse no chão simplesmente. Aliviada ela entregou a música nas mãos da voz da Amigairmãmaisvelha e deixou que a canção fosse simplesmente conduzida por quem sabia fazê-lo.

Nos momentos seguintes aconteceram muitas outras coisas significativas, perfeitas, grandiosas e muito poderosas como só o Grande Mestre sabe e pode fazer, mas que para os mortais não é possível descrever devido à grandeza e magnitude. Qualquer descrição que fosse tiraria, e muito, o brilho e perfeição que o Grande Mestre consegue colocar em qualquer coisa. Isso sem mencionar o poder.

Depois dessas coisas que o Grande Mestre fez e ainda continua fazendo, ficou bem nítido que o Ele queria era não somente uma festa pura e simplesmente, mas Ele queria mostrar aos convidados ali presentes o que queria fazer com a noiva Dele. E saíram todos daquele lugar como que anestesiados, petrificados com o poder que caíra sobre eles. E quanto a ela? A única coisa que queria era não sair nunca, nunca, nunca dos braços fortes daquele Paizinho que ela amava tanto!

200569632-002, AAGAMIA /Iconica

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