sexta-feira, 4 de março de 2011

Ela mal podia aceditar na complexidade das coisas que aconteceram naquele mês chamado Férias. Uma revolução espiritual havia se instalado na atmosfera ao redor dela e ela achava tudo aquilo perfeito. Só de ser alimentada todos os dias com uma palavra fresquinha, novinha em folha vinda direto do trono da graça do Grande e amoroso Mestre já era fantástico por si só.

Naquelas tardes que viravam noites após todo o trabalho que tinha que fazer e pilhas de informações pra ler que a vida dela tinha novamente virado com o início das aulas ela se pegava a pensar naquelas doces lembranças querendo tocá-las novamente. Ali mesmo, sentava no mini sofá do lounge com pseudo preguiça de subir o restante da escada ela saboreava cada detalhe que podia se lembrar daquele tempo como que se revivesse.

Foi inevitável alguma coisa ou outra lhe escaparem, mas de todas as lembranças ela se apegou àquela que mais a fazia pensar nas coisas que ainda estão por vir.

Certo dia o Grande Mestre a tomou pela mão em sonhos e a levou novamente na casa em que morou por longos anos dividindo todas as coisas com o avô que lhe ensinou a contar histórias de toda espécie. Foi por causa da falta que se instalara no meio do coração dela de todos os casos que o avô contava que um dia ela começou a escrever pra ela mesma. E ela gostava daquelas historinhas que criara a partir de coisas que já existiam.

E foi assim, com saudade do avô, que naquela noite em que repousava nos braços do Grande Mestre foi levada mais uma vez à casinha que conhecera quando era pequena e viu uma ararinha empalhada que não tinha vida dentro.  Ela, que não gostava de tocar em pássaros por causa do corpinho frágil que tinham, mas naquele sonho colocou-se a acariciar a ararinha vermelha de tão linda que era aquela plumagem de cores que ela gostava tanto.

102411953, Darrell Gulin /Photographer's Choice

De tanto ser acariciado o bichinho foi ganhando vida e quando ela tentou se afastar ele rolou pro lado dela como se não quisesse sair de perto. Um pouco assustada porque a ararinha empalhada estava se mexendo ela continuou a passar a mão no pássaro e aos poucos a vida que o Grande Mestre colocou nela foi passando das mãos dela para o corpinho da ave, que ensaiava umas respiradinhas.

E ela, que não sabia bem o que fazer foi passando a mão na ave com pena da pobrezinha e foi colocando calor nos ventrículos da ararinha que já conseguia respirar e ensaiava um sonzinho. Sem sair nenhum minuto de perto das mãos dela a ararinha arriscou um pequeno voo, mas correu direto pra cruz, pra perto do Grande Mestre representado pelo avô, que sorriu e recebeu a avezinha como que a abençoando.

3312-000215, Dan Holmberg /Photonica

E ela, olhando aquilo tudo voltava a sonhar tendo a certeza de que se ela acariciasse aqueles sonhos plantados há tanto tempo no coração dela, e outrora destruídos por lama e perdição pecadora, eles poderiam abrir os olhinhos novamente e a vida poderia tomar conta do interior deles.

Colocou-se prontamente a acariciar todos os sonhos que queria muito e podia se lembrar naquele momento recém acordada, pois o Grande Mestre havia começado uma obra e era fiel e justo para terminá-la e fazer todo o acabamento.

Reuniu aqueles projetos nas mãos e apresentou-os para o Grande Arquiteto do mundo, que era capaz de construir e ressucitar qualquer projeto. O pedido dela naquela manhã era que fossem alinhados os projetos dela com os projetos do Grande Mestre, pois Ele era perfeito e poderia apontar qualquer imperfeição que por ventura houvesse.

O Grande Mestre pegou todos aqueles papéis velhos e meio amassados e em questão de segundos limpou, alinhou, desmanchou e fez tudo novo. Agora o papel novinho e já havia sofisticação no design. Ele é mesmo muito perfeito - pensou olhando para a obra. Ficou feliz por poder ter um projeto daquele tamanho nas mãos e se encheu de esperança por poder participar daquilo tudo.

Olhando pra todo aquele mateiral reunído nas mãozinhas dela e analisando os detalhes o olho disse pro coração: olha o tamanho disso!!! e o coraçãozinho receoso logo pensou que não era possível executar obra daquela magnitude com o que ela tinha disponível de material.

dv380117, Photodisc /Photodisc


Foi então que o Grande Mestre olhou para o coraçãozinho sabendo exatamente o que o pequenino estava pensando e passou a mão na cabeça do coraçãozinho dizendo: Por que você está tão abatido pensando nessas coisas? Sou Eu que te fortaleço. Esqueceu que pode todas as coisas quando estou junto? Inclusive se contrair. Não fique ansioso por coisa alguma! O pequeno coração esfuziante por ouvir a voz calma e suave do Mestre logo ficou em paz e retomou a serenidade que lhe era devida.

E o Grande Mestre, com uma expressão de sorriso de paz olhou pros olhinhos dela e disse: - Tome muito cuidado com esses planos e projetos. Não se precipite porque Estou trabalhando na sua ansiedade. Quando o coração estiver prestes a se desesperar lembre-se que Sou Eu quem cuido de tudo.

E ela, com um pouco de vergonha pelo coração que queria tudo ao mesmo tempo e agora, retribuiu o sorriso amável e entendeu que deveria somente descansar como uma criança dorme nos braços do Pai. E foi nessa hora que decidiu que bom mesmo era ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do Mestre.

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