segunda-feira, 7 de março de 2011

Linguagens e idiomas

Desde pequena admirava muito todos os sons emitidos com a finalidade de se comunicar. Ouvir outros idiomas e tentar entendê-los era um prazer e até um passatempo nos tempos de menina. A mãe, percebendo o gosto dela em ouvir outra línguas, mais do que depressa mariculou-a em um curso de inglês para que pudesse entender com consciência o que estava falando e ela aproveitou como pôde cada uma das aulas.

Mais tarde queria ter noção de todas as línguas da face da terra e descobriu na enorme estante do avô um dicionário que continha não apenas um, mas cinco idiomas diferentes. Pegou papel, caneta, um texto curto que tinha gostado muito de ler no vício de leitura contínua na língua materna e pôs-se a traduzir nos cinco idiomas aquele pequeno papelzinho que agora já eram cinco. Como o texto não fazia muito sentido sendo traduzido palavra por palavra se cansou de descobrir termos soltos que não faziam sentido na mesma frase e largou tudo isso pra lá.

Mas o fascínio por vernáculos alheios nunca a abandonou. Até mesmo a diferença sonora de sotaque que havia da terra que a viu nascer pra terra que a acolheu de braços abertos merecia atenção no modo de acentuar as palavras e muitas vezes de interpretá-las. Essa mistura regional que o enorme país natal proporcionava era muito empolgante pra ela e vez por outra se pegava repetindo palavras recém saídas da boca das amigas. Certa vez a Amigairmãmaisvelha prometeu colecionar todos os termos mais diferentes que ela costumava usar e que só os mineiros dominam com sucesso de tanto que ela repetia termos e expressões que a Amigairmãmaisvelha, paulista que era, estava acostumada a usar.

Todo esse fascínio linguístico foi o maior motivo de ela estar ali parada com a boca fechada e ouvidos abertos para ouvir todos aqueles sons que saíam da boca da Amigamãedetodas enquanto o Grande Mestre falava. Ela não tinha conhecimento do significado daquelas palavras apesar de poder claramente ouví-las. A língua que a Amigamãedetodas falava sem parar é a dos anjos e o Grande Mestre só ensina a gramática àqueles que são chamados para este propósito ou ainda para serem mini mestres e ensinar a outros como é o vocabulário celestial. Mas mesmo sem nada entender e sabendo que não conseguiria mesmo interpretar aquelas palavras que a Amigamãedetodas falava ela continuou prestando atenção, pois só de o Grande Mestre falar qualquer coisa que fosse já era motivo de se prestar atenção. Mesmo que não houvesse entendimento intelectual e racional menos ainda.

Enquanto a Amigamãedetodas se empolgava na conversa com o Mestre Ele estendeu as mãos e foi ensinando outros idiomas que ela já tinha ouvido antes e através dessa conversa foi confirmando no coração dela, que estava de espectadora encantada, várias coisas que só o Grande Mestre pode fazer.

Ele disse a ela em inglês que Ele fala mesmo, que não é um Mestre mudo e provou estar á frente de toda situação falando em italiano que era Ele mesmo quem fazia todas aquelas coisas. Em princípio ela quase não acreditou quando ouviu aquelas palavras pois sabia do domínio natural que a Amigamãedetodas tinha sobre a língua pátria das duas que era o português, mas sabia também que a Amigamãedetodas não dominava nenhum outro idioma terrestre. Mas mesmo assim se encantou com aquilo. Foi nessa hora que o Grande Mestre bradou em alta voz que era Ele o Senhor de todas as línguas e o coração dela se encheu de temor a Ele.

Foi então que de um salto a Amigamãedetodas pegou nas mãos dela e começou a cantar em línguas misturadas muitas e muitas coisas que o Mestre mandara, mas como estava a maioria em inglês a velocidade da pronúncia só a permitiu de entender o nome de uma cidade do mapa longínquo que conhecia tão bem e agradeceu ao Grande Mestre por poder participar daquela conferência idiomática se sentindo muito feliz por poder ver muitas coisas novas linguísticamente falando.

Aquela cena sonora ficou batendo e rebatendo na cabecinha dela por tempos e tempos e ela, fascinada que ficara, admirava mais e mais o Mestre que tinha todo poder nas mãos, inclusive do domínio dos idiomas. E agora ali, sentada sozinha com o queixo apoiado pela mão ela pensava longamente sobre todas essas coisas ainda agradecendo ao Grande Mestre por Ele ser o Senhor das línguas e pedindo que ela mesma fosse fluente na Palavra da verdade que Ele anunciara aos filhos da Promessa e o Consolador ensinava a ela dia após dia.

Diante de tal pedido de expansão de vocabulário resolveu arriscar a falar coraçõnês e dizer para o Grande Mestre que O amava MUITO. Como o som saiu ainda com certa estranheza pela falta de domínio ela começou a rir do próprio desajeito e o Mestre que a olhava com olhar carinhoso retribuiu o sorriso mostrando a ela nas marcas das próprias mãos o quanto Ele a amou primeiro. Ela entendendo o que o Mestre dissera beijou suavemente o rosto Dele agradecida pela misericórdia que era disponibilizada a cada manhã por Ele, sendo o Senhor supremos das línguas, falar uma língua que ela entendesse tão bem: a linguagem do amor Dele.

93909947, Brigitte Sporrer /Cultura

Nenhum comentário:

Postar um comentário